«Preferia ganhar menos no Sporting a ir para o Benfica»

Deixou de jogar há 10 anos, mas acredita que vai voltar ao futebol. Ou melhor, que vai voltar ao Sporting e concretizar o sonho de uma vida. Marco Almeida, antigo central, recorda as duas propostas que teve do Benfica e que nunca pensou em aceitar e diz que quando morrer levará no caixão a faixa de campeão nacional pelo leão, conquistada em 1999/2000.

 

– Nestes últimos 10 anos, depois de ter deixado de jogar futebol, o que é que andou a fazer o Marco Almeida?
– Depois de acabar a carreira, já fui agente imobiliário, trabalhei na segurança e no Continente como repositor. Já estive ligado ao futebol, numa empresa de agenciamento, e já trabalhei na área comercial…

– Tens saudades do menino loiro de caracóis e leão ao peito?
– Eu cresci no Sporting. Cheguei lá com 10 anos e saí de lá com 23/24. Eu sou sportinguista desde que nasci. Jogava futebol de salão e fui a uns treinos de captação em Alvalade. Fui à experiência e fiquei como defesa-direito. Eram milhares de miúdos. Depois passei para médio, para trinco, nos juvenis e depois nos seniores, no Lourinhanense, o mister Jean Paul meteu-me a defesa-central. Aí fiquei.

– No ano em que o Sporting foi campeão jogaste muito menos do que querias…
– Estive emprestado em Inglaterra até dezembro de 1999. Estava a fazer o meu trajeto e a época estava a começar bem. O Southampton até me propôs um contrato de 5 anos. Eu estava em final de contrato com o Sporting e podia sair livre, ao abrigo da Lei Bosman. Nessa altura também surgiu o convite do Benfica.

– Gostavas mais de voltar ao futebol ou de voltar ao teu Sporting?
– De voltar ao meu Sporting! Todos nós temos sonhos e precisamos agarrar-nos a alguma coisa que nos faça sorrir. Um dos meus grandes sonhos é um dia voltar àquela casa. É um amor que não te sei explicar… [pausa] Gosto mesmo do Sporting. Um dos meus sonhos é um dia voltar a trabalhar no Sporting. É servir o Sporting. Voltar seria o dia mais feliz da minha vida.

– Ainda tens a faixa de campeão?
– Tenho. Está em casa dos meus pais. Quando eu morrer a faixa de campeão pelo Sporting vai comigo no caixão. Só eu sei o que passei para conseguir aquela faixa. A faixa de campeão é o que tenho de mais bonito, depois dos meus filhos. É um amor muito grande. Não te consigo exprimir em palavras todo o amor que tenho pelo Sporting.

– Tens orgulho da tua caminhada enquanto jogador?
– Tenho muito orgulho naquilo que fiz. Fui campeão nacional por um clube que não era campeão há 18 anos e que não é campeão com regularidade. Fui para Inglaterra, com 19 anos, jogar na Premier League, quando só entravam jogadores internacionais. Joguei em Espanha e no Chipre. Andei pelo Mundo. Eu fui internacional português 5 vezes. Fiz a formação no melhor clube do Mundo. Fui campeão no melhor clube do Mundo. Tenho de estar muito orgulhoso daquilo que fiz.  Orgulho-me muito do meu trajeto enquanto profissional de futebol.

«Benfica quis contratar-me»

– O Benfica quis contratar-te?
– Sim. O Benfica convidou-me duas vezes. Quando estava em Inglaterra e depois mais tarde, quando já estava em Alverca. Eu sempre disse que queria esperar pelo Sporting. Desde miúdo que tinha um objetivo: ser campeão nacional pelo Sporting. E dizia a toda a gente para aguardarmos… Até que em dezembro de 1999 o Luís Duque me ligou, já sabendo da proposta do Benfica, e me disse que queria que eu regressasse ao Sporting. Tinha uma renovação de mais dois anos para mim. Nem pensei duas vezes. Nesse mesmo dia fiz as malas e no dia a seguir estava em Lisboa. Financeiramente a proposta do Sporting não era a melhor, mas como sportinguista que sou não podia ir para o Benfica. Por muito respeito que tenha pela instituição Benfica nunca podia fazer isso. Por dinheiro nenhum do Mundo. Preferia ir ganhar muito menos dinheiro para o Sporting do que ir para o Benfica. E pronto, voltei ao Sporting. Com o aval do Inácio, que era o treinador na altura e me disse que a aposta para centrais seria eu e o Beto. E assim foi até à chegada de um senhor de nome André Cruz. Lembro-me de estar numa bomba de gasolina de manhã a beber café, antes de ir para o treino. Vi na primeira página do jornal que o Sporting tinha contratado o André Cruz. Pensei logo que a minha vida ia ficar complicada.

– Quando o Benfica te tentou contratar de novo, o que aconteceu?
– Quando eu estava no Alverca e o treinador era o mister Carlos Pereira. No Benfica estava o professor Jesualdo Ferreira. Gosto muito dele, mas não conseguia jogar no Benfica. Gosto tanto do Sporting…  Não conseguia.

Fonte: Abola.pt

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